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Vai fechar Escola em São Sebastião do Passé
18/12/2013 16:55
Cátia Garcez
Como educadora preocupa-me profundamente esta decisão da gestão de educação. decisão essa, que desencadeará grandes complicações para os funcionários lotados nesta secretaria e para a qualidade de ensino em São Sebastião do Passé. Refiro-me a notícia de que serão fechadas 10 escolas municipais. Os argumentos para tal decisão foi embasado em um relatório da SEDUC, no entanto, isto só prova que a qualidade ainda não é a prioridade na Educação no município.
Analisando o relatório percebi que a base para esta decisão é a baixa no número de matrícula em algumas escolas e a diminuição desse número na rede, considerando os anos de 2009 a 2013. Constatei que houve realmente uma queda no número de matrícula: 316 alunos a menos em 2010 em relação a 2009; 533 alunos em 2011; 436 alunos em 2012 e 39 alunos no ano de 2013. A diminuição cada vez menor mostra que seria necessária um estudo mais profundo, inclusive com previsão de alunos que entram e saem das creches, em relação ao número de repetência e evasão e tantos outros aspectos que certamente dariam fundamento a ações que garantiriam um planejamento a longo prazo.
Outro índice apresentado no relatório é o número de alunos por professor, onde o analista da SEDUC faz uma conta grosso modo de 17 alunos por educador, desconsiderando as diferenças, modalidades e particularidades de cada segmento de ensino. Considerei este cálculo uma grande piada, pois nem na Modalidade da Educação de Jovens e Adultos temos esse número de alunos matriculados.
Os atuais gestores alegam que com o fechamento das escolas garantirão a racionalização e qualidade na educação. A questão é que todo gestor que fecha escola alega os mesmos argumentos, no entanto é fato e notório que a Educação vai de mal a pior. Portanto, chamo à atenção para as seguintes questões:
A questão número um é que a vida dos pais e alunos das localidades do Montevidinho, Assentamento Nova Panema, Ferrão, Fazenda Água Boa, Assentamento São Domingos, Km 2, Capivara, Riacho Claro e Aragão será completamente alterada. Seus filhos que estudavam perto de casa terão que acordar mais cedo e pegar estrada para estudar. É também do conhecimento de todos, as péssimas condições que nossos alunos são atendidos tanto pela falta de qualidade dos veículos utilizados para o transporte escolar, quanto pelo constrangimento de lidar com alguns motoristas despreparados e sem o menor profissionalismo no cumprimento de suas funções e no tratamento com o alunado.
A questão número dois é que sobrará professor no primeiro segmento do ensino fundamental e como já conheço essa história, o segmento II é quem vai pagar a conta. Não é novidade na nossa história da educação o discurso do jeitinho brasileiro para lotar professor a custa da qualidade de ensino. É necessária a apresentação imediata de quadro de vagas com as devidas lotações, para que o professor não seja pego de surpresa e possa se adaptar às mudanças.
A questão três, é que a possibilidade da implantação da escola integral vai ficando distante, visto que a preocupação desta gestão é juntar alunos num mesmo lugar, mesmo estando claro que logo teremos que reabrir escola. É fato a preferencia dos alunos de estudarem pela manhã e a necessidade do município de concentrar os alunos da zona rural em sua maioria no matutino. Então, acredito que deveríamos aproveitar esses prédios e implantar a escola integral, possibilitando a ampliação do tempo do aluno nas escolas com atividades lúdicas, interdisciplinares, de reforço escolar e de arte.
Não creio que ignorem que o problema da nossa educação está relacionado às péssimas condições de trabalho, tanto nos aspectos físicos quanto psicológicos, na falta de estimulo profissional e numa política de capacitação e formação de professor, na indicação de diretores de escola que ficam amordaçados pela política de apadrinhamento e, sobretudo as práticas caducas que ignoram um “aluno novo” que sabe muito mais sobre tecnologia do que a maioria dos professores. É claro que poderão ignorar tudo isso, pois quem corta o queijo é quem tem a faca nas mãos, no entanto, isso mudará, quando nós professores nos recusarmos a entrar em salas com 45 alunos espremidos entre mesas e cadeiras, sem ventilação e sem iluminação adequada.
Nunca foi novidade que ter 40 alunos na sala de aula é muito mais econômico do que ter 20. Sabemos que a quantidade de aluno por sala é fator decisivo para garantir ou comprometer a qualidade de ensino. Salas climatizadas não é luxo, sala de multimídia com internet livre é uma necessidade básica nos tempos atuais. Partindo do princípio que o atual secretário de educação, é professor e sabe na pele o que nos oprime, esperamos então, que o bom senso venha prevalecer ou então estaremos fadados a virar ratos de laboratório, nas experiências descabidas de alguns, com apoio de outros tantos.
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