ARTE, CULTURA E AUTOCONHECIMENTO PARA MELHOR QUALIDADE DE VIDA


Filme Triste

05/01/2012 16:04

 

Colagem Poética com trechos de poemas de Olavo Bilac/Camões/Drummond/Gonçalves Dias/Vinícius/Alípio entre outros.

Texto para montagem de resultado de oficina de teatro

Organização de texto: Catia C.S.Garcez

Título: FILME TRISTE

 

(Entram todos) Olê mulher rendeira, olê mulher rendar/Tu me ensina a fazer renda/Que eu te ensino a namorar (3x)

Julião – É sempre assim! Em todo lugar que se passa, tem um cabra da peste, fogoso, sem vergonha, procurando sacanagem...

Zuleide – (interrompendo) e em todo lugar que se passa tem uma mulher (mostra o corpo) pra fazer o safado cair de quatro.

Teresa – nem me fale, nem me fale menina! E foi isso que aconteceu com a filha de Marinalva.

Sara, Sônia e Silvana – Conte, conte logo, não faça suspense pelo amor de Deus.

Teresa – Ora eu conto, mas que danação...

Branca– (entra cantando) Meu broto me avisou que ia estudar

E ao cinema eu fui me distrair

Chegando lá nem quis acreditar

Eu vi meu bem sentado com alguém

Em frente a mim

Todos-Ó filme triste que me fez chorar (refrão)

Os dois agarradinhos eu avistei

A minha melhor amiga me traiu

Trocavam beijos que eu quase morri

Do princípio ao fim do filme eu chorei

(refrão)

Ao chegar a casa mamãe viu

Os meus olhos vermelhos de chorar

E ao abraçar a ela eu expliquei

Que o filme foi tão triste

Que eu chorei. (refrão)

(enquanto Esperança canta, Fernando e Tina representam com comicidade)

Sara Sônia e Silvana – Ai que romântico!

Zuleide – Se fosse comigo ele ia vê com quantos paus se faz uma jangada.

Teresa – Mas não ficou por aí não minha filha.

(plano 1)

Fernando – (canta para Teresa que assiste do alto) meu amor / olha só, hoje o sol não apareceu/ é o fim da aventura humana na terra/meu planeta Deus/ fugiremos nos dois na arca de Noé/ olha bem meu amor/ é o final da odisséia terrestre/ sou Adão e você será/ minha pequena Eva, Eva/ o nosso amor na última astronave/ além do infinito eu vou voar/ sozinho com você/pelo espaço de um instante/ afinal não há nada mais / que o céu azul pra gente voar/sobre o rio Beirute ou Madagascar/ toda a terra reduzida a nada mais/ minha vida é um flech de controle e botões ante atômicos/olha bem meu amor/ é o final da odisséia terrestre sou adão e você será/ minha pequena Eva, Eva.

(centro)

Sara – Que homem!

Sônia – Ai meu Deus! Joga um desses em minha vida!

Silvana – (enxugando as lágrimas) Pronto! Me emocionei.

Julião – Esse é dos meus... tem classe!

Zuleide – Cachorro... Garanto que a besta amoleceu

Teresa – Ela até que queria, mas Marinalva, a mãe não quis deixar barato!

 

(plano 1)

Marinalva (puxando a filha) - Aqui não tem nenhuma Eva não Seo Fernando. Agora se o senhor quiser uma serpente, toma lá (atira uma cobra em Fernando).

 

(centro)

Zuleide – Toma corno... (saindo)

Branca – (com Estelinha) Eu não sei o que faço Estelinha... Minha mãe não me compreende.

Estelinha – Tenha calma querida, eu estou do teu lado, vamos para casa.

 

(Plano 1)

Branca – Mãe, eu amo o Fernando.

Marinalva – Quer parar... Novela Mexicana não!

Branca- Mas eu amo... Amo muito... Sou louca por ele.

Marinalva – Não presta pra você. È mulherengo, pobre e preguiçoso...

Branca – Nem todo mundo está maduro para o amor... Fernando vai  me amar de verdade...

Marinalva – Está proibida em sair com aquele canalha...

Branca – Se é assim... Vou morar com a Estelinha...

Marinalva – O que? A Estelinha é mulher!

Branca – Eu sei...

Marinalva – Você não disse que ama o Fernando?

Branca – Amo também a Estelinha e nos damos muito bem.

(centro)

Julião – Embolou, embolou, é melhor parar por aí.

Teresa – podem fazer suas ligações: com quem a branca deve ficar?A ligação custa dois pães cacetinhos e um bombom de maçã.

(as três irão para frente, LD e LE, com aparelho telefônico na mão)

Sara – Alô!

Sônia – Alô!

Silvana – Alô! Consegui (falando para as outras) Alô! Eu voto no Fernando... Ela deve ficar com ele, pois eu sou contra o homossexualismo...

Sara – Deixa de ser burra, se ela ficar com a amiga, o Fernando pode ser nosso!

Silvana (continuando) Quer dizer... Não sou totalmente contra... Caiu a ligação

As três – Droga! (desligam ao mesmo tempo)

(Plano 1)

Zuleide – (para o público) Vocês estão vendo como é a porra?Fofoca é uma miséria. Já estão dizendo que a menina é sapata!(sai)

(plano 2)

Fernando (entra com os amigos)- Não é brincadeira não... Eu falo sério quando digo que mulher tem que ser tratada com um tapa e um beijo... Tapa de um lado... Beijo do outro.

Carlos – Sei lá Fernando... Esse papo machista ainda vai dá zebra... Um dia uma mulher ainda te dá o troco.

João – E o amor Fernando? Isso não conta? Quando agente ama agente cai de quatro...

Fernando – Ainda vai nascer à mulher que vai me fazer ajoelhar, quanto mais ficar de quatro.

Julião – (entrando) Então você não gosta de esperança?

Fernando – claro... E vocês não se metam a besta que aquela eu to guardando pra casar!

Julião – Ih! Danou-se... Então companheiro te prepara para o corno mais dolorido da história da humanidade.

As três – Se você pensa que vai fazer de mim/ o que faz com todo mundo que te ama/ acho bom saber que pra ficar comigo/ vai ter que mudar.

(Julião fala no ouvido de Fernando)

Fernando – O que amor de mulher com mulher... E lá isso é amor.

Carlos- E eu vos direi: Amai para entendê-las, pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas... (gargalhadas)

João – Essa história de amor é muito complicada... O amor perdeu-se no cotidiano meio as futilidades humanas... (todos saem)

Carlos – (Entra lendo jornal) Filho mata mãe e depois se arrepende... (benzendo-se) cruz credo é fim de mundo.

Zuleide (entrando)– Esse ao menos se arrependeu...

Carlos – E o que adianta o arrependimento se a pobre da mãe já ta mortinha e enterrada...

Zuleide – O arrependimento é um leve e remoto sinal de que a alma ainda não se perdeu...

Carlos – Falar em alma que não se perdeu... Cadê o Fernando... Tem visto?

Zuleide – O homem está definhando, se esvaindo em sofrimento...

Carlos – Por causa de Branca? Ela está mesmo de caso com a amiga?

Zuleide – Sei lá menino, mas será que é isso o mais importante? Fica todo mundo preocupado com os desamores dos outros e estamos perdendo o dom de amar...

Plano 1

Sônia – (cantando) Meu amor quando me beija / faz o mundo revirar / faz o céu aqui na terra e a terra no mar...

Teresa –(debochando) Viu passarinho verde Soninha?

Sônia – Ah, meu coração, quem nunca amou não merece ser amado... (falando ao vento)

Silvana - Eu acho...

Sara - Lá vem ela...

Silvana– (ignorando) Eu acho que o amor é incondicional... (para o público) Agente ama e pronto, amo meu pai, minha mãe, meu vizinho, meu papagaio, meu cachorro, meu amante... E daí por diante... Sei lá! São as pessoas que complicam as relações... são as pessoas que  dificultam o exercício do amor, Fala aí se não é?(para alguém na platéia)

Sara e Sônia_ É isso aí Só!

Plano 2

Fernando - Se você quer ser minha namorada /ah que linda namorada/ você poderia ser/você tem que me fazer um juramento / de só ter um pensamento/ ser só minha até morrer...

Plano 1

Teresa – A Solange ta certa! Um amor assim é coisa de louco!

Zuleide – Amor é vida, liberdade, é ter constantemente alma, sentido, coração abertos ao grande, ao belo. E ser capaz de extremos, de altas virtudes...

No centro

Branca –(cantando) Ainda que eu falasse a língua dos homens /que eu falasse a língua dos anjos/ sem amor/ eu nada seria...

 

 

Plano 1

Fernando_ Antes a Esperança não me largava/acordado ou dormindo sempre a via/em torno de mim por onde eu andava/meus passos seguia, seu calor sentia/um dia ela se foi sem se despedir/ hoje pouco me importa se ela volte/ minha alma casou-se com a saudade. (para João) Se se morre de amor?

João – Não, não se morre... Vai pede perdão!

Carlos – Perdão apaixonado...

As três – Quem não pede perdão, não é nunca perdoado.

(no plano 2 entra Branca triste )

Branca- (olhando o céu) Como podem os homens duvidar da existência do amor se só mi sinto viva quando amo? Digo que amo, por tudo quanto sofro, por quanto já sofri, por quanto ainda me resta de sofrer, por tudo eu amo. O que espero, cobiço, almejo, ou temo é perder essa capacidade de amar.

Fernando (caminhando com as Três, João e Carlos em direção ao plano 2)

Fernando- De tudo ao meu amor serei atento, antes e com tal zelo e sempre e tanto, que mesmo em face do maior encanto, dele se encante meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento e em seu louvor é de espalhar meu canto , e rir meu riso e derramar meu pranto, ao seu pesar ou seu contentamento...

Branca – (cantando) Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar... (Fernando carrega Branca e cantam juntos diminuindo a voz até ser substituída pelos outros)

Todos – É preciso amar, as pessoas como se não houvesse amanha, por que se você parar pra pensar, na verdade não há...

 

FIM

 

 

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